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ARTUR GOMES
INTERVENÇÃO POÉTICA
minha metralhadora
cospe poesia porque o tempo não para
coice dentro da noite
caçando luz na escuridão
o tempo despeja
os ponteiros do relógio
sobre nossas carcaças
fumegantes
nervos e músculos
sustentam ossos em nossos corpos
vulneráveis aos contra-templos
dos trilhos
clamo por intervenção poética
no morro do encantado
lançando fogos de artifícios
chuva de poemas
na cabeça dos fardados
com papel para imprimir
flores — na boca dos fuzis
de cada soldadinho de chumbo