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BERNARDO VILHENA
A
palavra
livre
A palavra é sua mais temida arma
Não porque fere, acalma
Traz paz às almas sofridas
Suas palavras voam
Não é um voo cego
É um voo certo, direto, preciso
Suas palavras pousam tranquilas
Levando paz ao espírito
Dos seres atormentados
Daqueles sempre esquecidos
Dos pés que pisam o asfalto
Ou o chão de terra batida
O velho que olha o passado
Passando a vida em revista
Crianças correndo descalças
Soltas no espaço sozinhas
Projetos desenganados
A soma das coisas perdidas
Memória viva dos ausentes
Os juízes sem juízo
Da importância do acaso
Do valor do improviso
Um rosto cansado no espelho
A mansidão da noite caindo
A imensa dor do despejo
Do ser e não ser do destino
A palavra é sua mais temida arma
Não porque fere
Se fere, fere apenas aqueles que não lhe dão ouvidos