III. Tipos de Óleos, Administração e Dosagem


Opções disponíveis no Brasil:A ANVISA autoriza a importação de óleos de extratos de Cânhamo (“Hemp”, tipo de cannabis que contém até 0,3% de THC), produtos que em diversos países são comercializados como “suplementos alimentares”. Recomendo a todos os pacientes que façam o procedimento de solicitação de importação junto à ANVISA, mesmo que não estejam interessados nesse tipo de extrato, para se sentirem mais seguros no transporte de seu óleo (será fornecida receita para este procedimento na consulta).

A associação paraibana ABRACE Esperança obteve liminar judicial para cultivo de cannabis, sendo possível a compra de seus óleos através de receita e relatório médico. Existem outras associações no Brasil que lutam pelo direito de cultivo, como nós, da Aliança Verde. É importante acompanhar o trabalho de associações de sua região e todo apoio é bem vindo, pois as conquistas do acesso à terapia canábica no Brasil vieram da luta dos pacientes e seus familiares.


1. Óleos à base de cânhamo (“Hemp”) importados
Contêm maior concentração de Canabidiol e quantidades mínimas de THC (até 0,3%, inexpressiva fisiologicamente). A dose terapêutica pode ser muito variável, exigindo observação individualizada. Iniciar sempre com baixas doses (0,10 a 0,5mL -- ter uma seringa de insulina ou de 5 mL [vendida em farmácias comuns] ou pequenos recipientes com métrica de volume ajudam a dosificar; esses óleos geralmente contêm descrito em sua embalagem a equivalência de “mL” para gotas, que podem auxiliar em sua exata correspondência. A dose calculada na receita é baseada no peso e feita para estimar a quantidade anual de frascos, exigência da Anvisa. Lembre-se: a dose mínima eficaz é o nosso alvo; talvez não seja necessário chegar até a dose descrita na receita. Havendo boa resposta com dose inferior à calculada, não há necessidade de atingi-la.

Recomendo manter a dose inicial (0,10 - 0,5 mL) por 15 dias, tempo suficiente para avaliar alguma resposta. Não será necessário aumentar a dose se o efeito já for satisfatório. Sendo necessário o aumento, fazê-lo aumentando 0,25 mL por semana, elegendo um turno por vez em cada semana. Exemplo: uma criança que inicia com 0,25 mL, após as duas primeiras semanas nesta dose, seus familiares não observaram nenhum efeito, na 3a semana, utilizará 0,5 ml à noite e, caso ainda não se verifique resposta, na quarta semana prosseguirá com 0,5mL manhã e noite. A dose limite será
a que está prescrita na receita. Entrar em contato comigo por email caso esta dose seja atingida e não forem observados os efeitos.


2. Óleos de associações registradas
Objetivo: encontrar/ utilizar a dose mínima eficaz! (assim, evitamos os efeitos adversos relacionados ao THC e temos melhor controle sobre sua tolerância) É importante um prazo de 3 a 5 dias de adaptação entre aumento de doses.

Sugestão: iniciar com 1 gota à noite (ou no fim da tarde), aumentando 1 gota 2 vezes ao dia a cada 3 dias (1o dia: 1 gt à noite (N); 4o dia: 1 gota manhã (M) e 1 gota à noite (N); 7o dia: 2 gts M e 2 gts N; 10o dia: 3 gts M e 3 gts N; 13o dia: 4 gts M e 4 gts N; 17o dia 5gts M e 5gts N.). Ao atingir 5 gotas duas vezes o dia, avaliar os efeitos. Se já perceber benefícios, manter esta dose. Se permanecer sem resposta, prosseguir com o aumento conforme descrito. Atingindo-se 10 gotas, observar o efeito e, caso este não seja satisfatório, entrar em contato comigo por email.

OBS: o óleo Laranja da ABRACE tem correspondência ao extrato de cânhamo descrito no item III.1, porém poderá conter concentração de THC maior que 0,3%. Portanto, siga a recomendação do item III.2 para a utilização.


3. Via de administração
A Via sublingual é a preferencial! O uso sublingual antecipa o início do efeito devido a peculiaridades da circulação sanguínea dessa região, fazendo com que haja um início de ação mais rápido e duração mais uniforme. Deixar o óleo em máximo contato com a mucosa antes de ingeri-lo. Os óleos também serão efetivos se ingeridos diretamente, porém seu efeito pode ser mais oscilante ao longo do dia.

Existem, ainda, a via inalatória com utilização de vaporizadores, a via retal (supositórios) e a via dérmica, porém estas não estão bem difundidas no Brasil.


















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