Grupo formado por
artistas~pesquisadoras de Pernambuco
que tocam floresta


Através do manejo agroecológico do solo, do toque humano na terra,
AcORde a florEsta planta instrumentos e cultiva sons:

A múSica que nasce na semente. A múSica como sociedade~ambiente.

Uma relação entre
biodiversidade e a diversidade da expressão artística
2023

~ cultivar pessoas, cidades e sonhos Projeto selecionado pelo Sistema de Incentivo à Cultura do Município do Recife,

2022

~ vivências respiro, a natureza como artista, nós, como colaboradores. Imersão em que as agentes da floresta através da prática da escuta iniciam o processo, relacionar-se com a terra.

~ Sistema Ecomusical, vivência ~ manejo ~ consultoria ~ implementação ~ de sistemas agroflorestais ecomusicais ~ mapeamento da paisagem sonora ~ inclusão de espécies utilizadas na confecção de instrumentos musicais da cultura popular ~ cultivo celebrativo

~ participação no
Ciclo de Debates em Saúde Planetária. Organizado pelo Grupo de pesquisa - GAIA CES/UFCG. Orientado pela professora Francinalva Dantas e Larissa Medeiros.


2021

copo refloresta, produto cultural que está atrelado ao mantenimento do projeto.

~ participação na ' 
bienal en resistência,
arte como acontecimiento social.

nOssa floresta ~ questionário com intenção de entrelaçar a rede com conhecimentos florestais x musicais. 

~ Por conta da pandemia, com a necessidade de ficar guardado e vontade de estar juntes,
os encontros se estenderam para as telas, buscando direcionamento, guias, se possível xamãs, afim de habitar da mesma floresta:

01/10/21 ~ Antônio Floresta

02/09/2021 ~ Francis Lacerda

05/08/2021Caio Menezes

29/07/2021Danny Nemu

15/07/2021Aishá Lourenço

01/07/2021 ~ Helder Vasconcelos

17/06/2021Laura Tamiana

03/06/2021 ~ Guga Santos


2020

acorde ~ 
escrita colaborativa em eterno processo pra um dia quem sabe ser um manifesto.

~ o processo investigativo se inicia: estudo, prática e mutirão agroecológico do manejo da vida, no Sítio Tamorumu e no  Agrofloresta do Sítio

Mark




 Relato Residência 

7 a 10 de Julho de 2022




Residentes:


André, Aninha, Aurora, Belle, Caio, Didi, Gui,
Luiz, Ledinha, Mari, Pri, Romeu, Salga.


Trajeto Cidade/Floresta
DIA 1

Chegamos na agrofloresta do sítio, Mari e Didi já estavam na casa. Pri, Salga e Gui foram na kombi e pegaram André e Luiz. Ledinha, Romeu e Aurora chegam no fim de tarde.

Abrir os portais

Montamos um ateliê improvisado na sala de música, materiais a disposição, tela aberta.
Abrimos o encontro com o tarô das Cartas do Caminho Sagrado. Luiz escolheu a carta e ganhamos a Roda do Arco-Íris (n18) - Unidade/Consciência da totalidade (Pág. 173). Leitura coletiva. Seguimos com Ledinha que nos trouxe uma experiência linda com musicoterapia, alimentando a expressão de nossas vozes e do canto que nos habita.

Seguimos na criação de um diário feito artesanalmente. Cada guerreiro do arco-íris criou seu diário para registro dos dias e pra alimentar com imagens, palavras e o que sentisse de expressar. 




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Das tantas memórias que refrescam o juízo me atenho ao reencontro com as crianças da comunidade de Amaraji. Tainára, sorridente, brincalhona, deu uma esticada, cresceu e se transformou na melhor fazedora de munganga que eu conheço, tiradora de onda, desenrolada. Mexe o buraco das narinas, orelhas, faz papo de rã e movimenta a língua de maneira que até então nunca vi ser humano nenhum fazer. Luan chegou desconfiado, ficou a vontade em cima da bicicleta, tá ligeiro, o bixo salta na coragem, tome rabiada, anda em pé porque se sentar não alcança os pedais. Na frente da casa mais distante Wesley ficou apenas observando e nosotros seguimos caminhando tamoromu arriba.











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a criança é guia e a experiência pede mote


direcionamento


o sentipensante como corpo político


contada através das celebrações que são brincadeiras




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cartas ou registros do primeiro acorde



aqui sendo agora

sinto, verde presente o som do coração da minha gente. é como se contássemos com uma única voz. seguir o fluxo das palavras sem pensar demais é um exercício para permitir que o som mais espontâneo aconteça. digo som porque palavra também é música. e se as palavras que me saem são frutos do meu ser mais verdadeiro, se nota brotando do peito um amor tão profundo que nutre de alegria o meu corpo festa / escrevo agora no quarto dia da residência acorde. escrevo no último dia por cima da primeira página. estou sentada na varanda do Tomoromu, os guerreiros do arco-íris (muitos risos) foram caminhar na mata, semeando alegria e despertando a inteligência sensível nos corpos sutis. e você, que também sou eu, sangra rebolando as dores no mato. só estou sentada, do meu lado esquerdo uma brisa fria faz carinho na minha pele e meus cabelos, do meu lado direito, o som da bica cachoeira, palco de criação. se você consegue me ler, sentindo o que sentimos juntas, aqui, presente em Tomoromu, quer dizer que meu corpo sensível está gravado acessando o meu espírito. só em Tomoromu, eu vejo a minha frente bananeiras em primeiro plano, por trás delas um horizonte distante, imenso, verde, alto, diverso, ensolarado mas com nuvens frias atravessando. me sinto em paz. se você chegou até aqui, eu te agradeço a atenção. é que o mundo tá vibrando na aceleração e enquanto escrevo tantas letras, pessoas amigas entram na mata celebrando a vida. levanto pois o sol chegou. me banho ao sol, em cima da pedra, ao lado da fogueira, em frente ao portal. seios nus brilham ao sol, meu ventre se abre, minha pele esquenta. brilho em presença. como uma laranja e faço amor com minha natureza. sento na pedra com este diário na mão, sensível ao som do mundo que criamos. a música me invade, estou desenhada na paisagem. se eu fosse o olhar com uma câmera de alguém de fora de mim, me veria de cima, um pontinho lá em baixo, como a formiga que acaba de atravessar esta página enquanto me sinto como ela. pequena, integrada e colaboradora nesse ecossistema de criação / as palavras sempre me atravessam, é como se eu guardasse, colecionasse sensações para o futuro. as imagens complementam esse trabalho de dar forma às sensações. as imagens e as palavras se integram e dançam na busca de sentido. minha mente fértil vibra com essa simbiose. se você ainda me lê, o sol abre e esquenta essa página, que ganhou uma textura de palavras, criando uma camada por cima dos desenhos que criei em chã grande, outro lugar magia de onde começamos a nossa história residente e quando esse espaço aqui vai findando, sinto de resgatar as cores das plantas que ilustrei por baixo dessas palavras. a palavra materializa, registra e conta história dentro da biodiversidade das ideias. aqui está minha cabeça tentando elaborar o que sinto. comecei esse texto ansiosa por completar esta página, termino o texto satisfeita e agradecida pelo tempo deste momento. como uma oração a existência humana. seguimos plantando sementes. se você ainda me lê, saiba que eu existo por que você existe.

Tamoromu, 10 de Julho de 2022.

Priscila Lins







. . .






conversa de sonhos

quiabos cantam
xua xua
e a chuva lá fora
é pra dizer que aqui dentro
em  voz acanhada
o grito é celebração

agulha é feito facão
tem que guardar na bainha

a pérola nasce
do desconforto da ostra

e conversa de sonhos
alimentam o ser

salga








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Unidade

Vivenciar o encontro e compartilhar dias e noites sempre é especial e, com quem já se tem um fluxo, é melhor ainda. Agradeço a vocês por me convidarem e por estarem proporcionando mais uma forma de sentir.

Vou falar um pouco o que me move hoje, até pra escutar vocês, saber se faz sentido também pra alguém. Junto, então, todos os mergulhos que venho escrevendo na minha pele, experiências de escola, de curso técnico, de faculdade, do meio artístico, dos diversos modelos de empreendimentos que tomei rédea e dos que fui cavalo, dos empregos estatutários, federais e de organização mista, que suportei por poucos meses, e a última experiência de juntar as pessoas em um modelo econômico individual, mas de uma construção do organismo unidade entre elas. Pessoas envolvidas direta e indiretamente. Assim, após aproximado um ano do fechamento do Flô, entre viagens e rescisões, me vem chegando um chamado pra experienciar um modelo que poderíamos chamar de pós capital, que seria encontrar caminhos para a vida humana harmônica entre todo o conhecimento do conforto e a natureza.

Como hoje tenho essa chance de conforto, esse "privilégio" de poder experienciar o novo, sinto que esse é um grande chamado para uma construção social, para pensar num novo modelo harmônico, com um caminho de transição árduo e doloroso, mas com seus momentos de celebração

O resgate da confiança é primordial, entre humanos, entre humanos e natureza, entre humanos e a espiritualidade. Assim construiremos esse novo estado de consciência.

Quando juntos novamente, poderemos juntar a esses encontros o estado de sermos, só sermos, sem deslumbre do viés comercial ou da necessidade de mostrar para outras pessoas. Sinto que agora é o encontro, é o momento de criação e entrega. Esse mergulho no "vazio", que está cheio de vida, nos trará o resgate da unidade. Os desafios impostos aguçarão a criatividade, o poder do improviso, as intempéries da vida. E o nosso convívio ditará nossas personalidades. Então mergulharemos no mais íntimo limite entre as pessoas, e é no espinho que encontraremos a força da resistência.

Se colocar a prova do novo, do mergulho entre esses dois mundos, isso pode construir essa nova era.

Pois esse é um imenso papel social pra agora. Viverei isso em meus processos individuais (respeitando o caminho de transição), mas viver isso em grupo, nem que seja por poucos dias, será fantástico!

Entendi se que, quando se mostra em imagens, você é o produto. Assim, seu estado de presença se projeta e se perde na imensidão das possibilidades.

O excesso de cuidado, nas palavras, nas ações, pode podar o aprendizado, pois o erro e o desconforto ampliam nossas fraquezas e abrem a capacidade de aprendizado.

Vamos pensar num encontro em que pudéssemos experienciar esses dois mundos e abrir ainda mais nosso horizonte.

E aí, vamo nessa?

Bom dia 🌻 Boa semana

7 de julho
Guilherme Malthus











conversa segue ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... >




Guga Santos 
Laura Tamiana
Helder Vasconcelos
Aishá Lourenço
Danny Nemu
Caio Menezes
Francis Lacerda
Antônio Floresta

encontro
com
Guga Santos


Primeiro de roda. Guga e sua forte relação com a mata e com a música. Pessoa que vive o dia a dia da natureza. semeia, cultiva, maneja colhe, come confecciona, toca, um facilitador musical.

Vibra com o movimento do Acorde e sugeriu expandir a linguagem para acessar mundo por aí. falou de sua experiência na França e disse que pode ajudar na tradução se for preciso. também nos contatos exteriores. Na terra conectado na rede. Falou sobre os processos de plantar, cuidar, colher manejando, beneficiar, tocar, se expressar, socializar a música como expressão de um grupo. Guga trouxe diversas contribuições para o questionário, reforçando a força da mata em seu processo:

• Mudar algumas perguntas pra saber de onde a pessoa é. • Trazer a formação para dentro do questionário. • Trouxe a possibilidade de nos organizarmos para os editais. • Fazer tradução para inglês e francês, potencial internacional.

Mark


Guga Santos 
Laura Tamiana Helder Vasconcelos
Aishá Lourenço Danny Nemu
Caio Menezes Francis Lacerda
Antônio Floresta

encontro
com
Laura Tamiana


17/06

Dia de sorrisos e profundezas. algumas questões de gênero e etnia foram questionadas e uma conversa fluida se desenvolveu a respeito de que dados gostaríamos de ter com essas perguntas. Trouxe instrumentos para roda e contou a história de alguns deles. a paisagem sonora veio com força e boas referências surgiram como Murray Schafer. No questionário trouxe a possibilidade de ter algumas respostas do tipo “sei de alguns não sei de outros” e pensando na possibilidade dessa resposta ser a mais usual entre músicos e músicas.

Lembro forte que senti que é importante aproveitarmos essa energia inicial pro questionario chegar longe e já aproveitar pra colher os nomes das madeiras e sementes.


Laurinha:

  • Adicionar: Artista?
  • Branca, mas não me identifico com a branquitude
  • clássico, chorinho, indígena
  • Se interessar em investigar o contexto etnico trazer algo da ancestralidade
  • O quanto a paisagem sonora de onde você está influencia na sua música?
  • Qual a paisagem sonora mais recorrente/significativa na sua música?
  • Junto às oficinas: investigação (coletiva) ou grupo de estudos sobre paisagem sonora.
  • Abrir caixinhas pra responder mais detalhadamente cada coisa
  • Levar essas questões de paisagem sonora para as oficinas também
  • Incluir a resposta mediana para quem toca muitos instrumentos (Sei de alguns, não sei de outros).
  • Adicionar perguntas sobre quais referências culturais adornam a tua música, algo assim. (Cultura popular, clássica, moderna, sei lá,  como seria?)
  • O que esse questionário suscitou em você?
  • O que te provocou ao responder essas perguntas?
  • Raro que alguém toque só um instrumento
  • Instigante demais falar sobre esse assunto, podia ser mais profundo
  • Quem toca “semente” tem uma relação mais próxima com a floresta ou com a natureza já que são instrumentos mais florestais, feitos por sementes
  • Numa ficha técnica de um disco, existe a definição de quem toca “sementes”, aqueles instrumentos percussivos que não tem um nome propriamente
  • Falou de outras iniciativas que conversam, como a do pessoal amigo deles que está montando um instrumento gigante nas dunas de Natal relacionando ecologia com música
  • Também trouxe a referência de Schafer, pessoa que trouxe o termo “paisagem sonora”



“eu toco floresta”
Mari Maciel

Mark