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CARLOS RENNÓ
NENHUM DIREITO A MENOS!
Nesse momento de gritante retrocesso,
De um temerário, incompetente e mau congresso,
Em que poderes ainda mais podres que antes
Põem em liquidação direitos importantes,
Eu quero diante desses homens tão obscenos,
Poder gritar de coração e peito plenos:
Não quero mais nenhum direito a menos!
Nesse país em que se vende por ganância
Direito à vida, à juventude e à infância,
Direito à terra e ao aborto e à oresta,
À liberdade e ao protesto e ao que resta,
Eu grito “fora!” esses homens tão pequenos,
De interesses grandes como seus terrenos.
Não quero mais nenhum direito a menos!
Nessa nação onde se mata ou trata mal
Mulher e jovem, preto e pobre, índio e tal;
Onde nem lésbica, nem gay, nem bi, nem trans
São plenamente cidadãos e cidadãs;
Não quero mais cantar meus versos mais amenos,
A menos que antes seus direitos sejam plenos.
Não quero mais nenhum direito a menos!
Nesse Brasil da injustiça social
E duma tal desigualdade sem igual,
Queria ver os grandes lucros divididos
E os dividendos a nal distribuídos,
E os bilionários concordando com tais planos
E se tornando seres realmente humanos.
Não quero mais nenhum direito a menos!
Nesse momento de tão pouca luz à vista
E tanto ataque ao que é direito e é conquista,
Eu canto tanto a desistência, o desencanto,
Mas canto a luta, a rexistência, tanto quanto,
E quanto àqueles que ainda pensam que detêm-nos,
Eu canto e grito a pulmões no peito plenos:
Não quero mais nenhum direito a menos!
Nenhum direito a menos!!!
Nenhum direito a menos!!!