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ELTÂNIA ANDRÉ
DA PERFÍDIA ASTUTO ARDIL
Resta ariar panelas com cinzas contra urucubaca,
piolhos de pombo, lágrimas de crocodilo, pé de vento,
pastel de vento, carne com pelanca, urtiga, brotoeja,
AVC ou AI-5, bafo de onça, raios e tempestades, perna
inchada, picada de cobra e a mídia canalha. O povo
que se dane, que se lasque, que se ferre, que morra nas
las; de fome, de ignorância, de rouquidão, de cansaço,
de cabeça baixa, de desesperança. E viva o golpe e o
capital, abaixo o social! Da perfídia astuto ardil.
O
petróleo não é nosso: é ouro dos neoliberais, junta-
se
na fatura otras cositas más, mas que seja rápido.
O
pré-sal é o Sol dos vampiros & sanguessugas.
Tudo
dominado e esquematizado. Quanto ao brasileirinho
assombrado com o futuro, ensine-o a pescar.
Nesse
rio assassinado? E por falar em Samarco e coisa e tal,
que morram suas avencas, seus oxuns, suas pitangas
e o comigo-ninguém-pode; o Zavascki pode ser de
acidente,
a Marisa, matamos de desgosto, quanto aos
moradores
das favelas é para fuzilar do alto helicóptero.
Cinematogra
camente. A nal de contas, quem matou
a Marielle? Marielle?
Ninguém sabe, ninguém viu.
Em nome de Jesus,
não se esqueçam: bandido morto
é mesmo bom!
Bandido bom é morto e Glória a
Deus. Ariar panelas
nas tertúlias de Higienópolis.
Não querem gente
diferenciada, não querem que mordam o queijo.
Ao povo, brioches! Uma pantomima
escancarada,
contorcionismo de dona Janaína, dá-
lhe o golpe
da hemoptise jurídica, entre trapaças &
traças,
penumbrosa sentença, o teatro do ódio, friagem
excomungada, picumã dos infernos. Ariar panelas
com as cinzas para que vejam o estrago no espelho
do
alumínio. Tragam o exército, a bonita-recatada-do-lar
(porque democracia é uma jovem escandalosa),
tragam
a ordem e o chicote, o purgatório, as sentinelas
da moral,
as traças para roer o livro de história.
Aleluia à conta na
Suíça, o shores no Panamá e se é para
ser moderno,
compremos bitcoin! Glória ao bitcoin!
Prendam o
Homem. Destruam a biogra a! Rasurem
a estatística e
a esperança. Reinventem o medo pra
ninguém ser feliz.
Cale-se, homem do povo. Se for cálice,
que seja com
uma porção de cicuta. Que seja de qualquer
maneira!
Hora da vingança e do recalque: Analfabeto!
Sem-
dedo! Operário! Miserável! Nordestino! Sem pedigree!
Sem diploma! Ajeite no peito o pronome re exivo!
Vão
pra Cuba, sumam pra Marte. Mas o Cara preveniu:
ora, ora, uma ideia não se prende. Uma luta não se
aborta.
Um prato não se esvazia. Que Brasil é esse que
vemos
pelo retrovisor? Da perfídia astuto ardil. Nada
de epílogo,
toda hora é tempo de lutar! Se gosta ou não
gosta do Homem,
tanto faz. Que venha para a disputa!
Não seguiremos calados,
inertes, garantiu os Silvas,
garantiu a poesia! Com rima ou
sem rima: Libertem
o Homem, porra. E devolvam-nos
a democracia
surrupiada, o cialmente, no dia 31 de agosto de 2016.