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EVANDRO AFFONSO FERREIRA
FOGOS, ARTIFICIAIS
Sábado, 7 de abril de 2018, 17h05
Ouço da janela de casa fogos – artificiais.
De
repente sou consumido pelo lume
da tristeza, uma
tristeza alheia a qualquer
mistura, incontaminada,
diáfana, angústia
advinda da possível morte da
Utopia,
da derrocada do triunfo do Desvalido,
do
atravancamento da perspectiva da
bem-aventurança
nos acostamentos
das estradas dos Bem-sucedidos,
acostamentos das rodovias dos Privilegiados.
Fogos
permanecem – artificiais.
Barulho-pesadelo tentando
procurando
atravancar meus sonhos-utópicos-imperecíveis:
morte de um pássaro não atravanca uma
revoada.
Não cultivo deuses, não cultivo heróis,
cultivo tristezas, coletânea de tristezas.
Não gosto de
quase tudo, não gosto
de quase todos. Mas não gosto,
sobretudo, de fogos – artificiais.